NO DIA 29 DE ABRIL FESTEJAMOS SANTA CATARINA DE SIENA.
Sobre esta amada de Deus, tenho até receio de falar, porque qualquer coisa que eu relatar será pequeno, perto do que foi esta Doutora da Igreja, Padroeira da Europa, nascida no dia 25 de março de 1347 e vindo a falecer no dia 29 de abril de 1380. A Estigmatizada Catarina, dedicou toda sua vida pelo Sangue de Jesus Cristo, sendo certo que nasceu, viveu e morreu em Siena, Itália.
Santa Catarina era a 24ª filha de um tintureiro chamado Giacomo di Benincasa.
Já na sua infância, aos Sete anos de idade, consagrou a sua virgindade a Cristo Jesus e, quando completou seus Quinze anos, ingressou na Ordem Terceira de São Domingos.
Santa Catarina viveu na clausura, de maneira intensa, sem ter quase contanto nenhum com o mundo exterior, até quando as pestes assolaram a Europa e, assim partiu para tratar dos enfermos e abandonados.
Em torno de 1374, Santa Catarina esteve pessoalmente com o Senhor e ficou estigmatizada e que assumiria uma nova função, não mais uma mulher de clausura, mas de força para levar as mensagens que o Senhor teria para a humanidade daquele tempo e de hoje.
É O importante a relatar que Santa Catarina, sendo, analfabeta, escreveu mais de 300 cartas para Papas, Reis, Pessoas que exerciam atividades na Europa, mesmo sendo analfabeta, inclusive na Itália, onde Reis se encontravam em Guerra, a Amada lutava pelo retorno do Santo Padre para Roma, que se encontrava em Avinhão a mais de 70 anos.
Quando falei da minha dificuldade em falar desta Santa, foi por causa de um dos seus escritos chamado Diálogo, após a Bíblia foi o livro mais importante que já li.
Este Livro ainda me dá força para caminhar pois vejo o amor do Pai por nós em Seu Filho Jesus e nos ensina a buscar a maneira mais correta de amar o amor.
Segue uma das partes do Livro o "Diálogo", para que possam tomar pé das palavras de Deus Pai a Esta Mãe de um Tempo.
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Sobre: A Vida dos Sacerdotes.
Dignidade dos Sacerdotes e Eucaristia
Então o eterno Deus lhe disse:
_ Filha querida, começo falando-te da grande dignidade na qual coloquei os ministros da Santa Igreja. Eu amo todos os homens mediante um amor geral, pelo qual os criei à Minha imagem e semelhança. No sangue do Cordeiro, recriei-os depois pela graça, quando uni a natureza divina com a humana em Meu Filho. Dei-vos uma grandeza maior que a dos anjos, pois uni a deidade à vossa natureza, não à deles. Como afirmei, meu Filho, que é Deus, fez-se homem, e o homem se fez Deus. Essa dignidade é concedida de modo geral a todos os homens. Mas dentre eles, escolhi Meus ministros para que distribuíssem o sangue do Cordeiro, com vistas à vossa salvação.
Encarreguei-os de ministrar o sol; dei-lhes a luz da ciência, o calor da caridade divina, a claridade do corpo e do sangue do Meu Filho. O corpo (eucarística) do Meu Filho é um sol; constitui uma só coisa comigo, que sou o sol. Impossível nossa separação, como acontece no sol, no qual o calor não pode ser dissociado da luz, e a luz da claridade. O sol também ilumina toda a terra, sem deixar sua esfera celeste, aquecendo os seres que se expõem aos seus raios; nem se mancha a sua luz na imundície. Pois bem, o mesmo acontece com o sol-eucaristia - todo-Homem e todo-Deus. Meu Filho é um comigo; Meu poder não existe separado de Sua sabedoria, da mesma forma que o fogo do Espírito Santo não pode ser dissociado de Mim e do Filho. O Espírito Santo é um conosco, pois procede de Mim e do Filho. Somos um único e mesmo sol. Eu, Pai eterno, sou o sol donde saíram o Filho e o Espírito Santo.
Ao Espírito Santo apropria-se o nome de fogo; ao Filho, o de sabedoria. É desta sabedoria que meus ministros recebem a luz da graça. Se viverem sua mensagem, na luz ministrarão a luz, com gratidão por terem alcançado de Mim semelhante benefício. Meu Filho é uma luz com coloração de humanidade; nele acha-se a deidade unida à natureza humana. Esta tornou-se luz, ao adquirir a impassibilidade da natureza divina. No Verbo encarnado, mediante o corpo amalgamado com a natureza divina, recebestes o fogo do Espírito Santo. Pois bem. A quem entreguei tal-luz? Aos meus ministros, na Hierarquia da Santa Igreja. São eles que vos distribuem o corpo de Cristo qual comida, e o sangue como bebida, a fim de que tenhais a vida.
Como receber a Eucaristia
Como a Primeira Vez
Afirmei que o corpo do Meu Filho é um sol. Um sol indivisível: onde está o corpo, aí se encontra o sangue; onde estão o corpo e o sangue, aí se acha a alma de Cristo; e onde estão o corpo e a alma, aí se encontra a divindade. A natureza divina de Cristo jamais abandonou a natureza humana; nem a morte os separou. Desse modo, é toda a essência divina que recebeis nesse dulcíssimo sacramento, sob as espécies do pão. Como o soÍ não pode ser desintegrado, da mesma forma não se divide o todo-Homem e todo-Deus na brancura da hóstia. Suponhamos que a partícula seja subdividida; mesmo que se obtenham milhões de pedacinhos, em cada um deles está o todo-homem e todo-Deus. Como acontece num espelho quebrado, no qual a imagem quebrada se mostra inteira, assim o todo-homem e o todo-Deus está todo em cada parte da hóstia. Igualmente ele não diminui, à semelhança da chama no exemplo que segue: se, tivesses uma labareda e todos os homens se reunissem para nela acender alguma coisa, ela não diminuiria e todos a teriam por inteira. Certamente um levaria consigo mais que o outro, conforme a matéria inflamável que trouxesse. Para entenderes, cito outro exemplo: suponhamos que tais pessoas tragam diversos tipos de vela: umas de cinco centímetros, outras de dez, outras de trinta e, finalmente, outras de um metro. Todos vão à labareda e acendem suas velas. Cada terá uma labareda completa, com seu calor, sua claridade, sua luz. No entanto, dirás que o portador da vela de cinco centímetros levou uma labareda menor do que o da vela de um metro. O mesmo acontece com as que recebem o sacramento eucarístico, ao se apresentarem com a "vela" do desejo santo, pelo qual comungam. Aproximam-se com suas velas apagadas e as acendem neste sacramento. Disse "apagadas", porque de vós mesmos, nada sois; quanto à matéria que haveis de inflamar nesta luz, sou Eu que vo-la dou: é o amor! Criei-vos por amor; sem amor não podeis viver. O ser, recebido assim por amor, é acrescido no Santo Batismo, com uma nova disposição na força do sangue de Cristo. Sem este novo dom, seríeis como velas sem pavio, incapazes de captar a luz e acender. Realmente assim seríeis, se vossa alma não recebesse a luz da fé, através da graça e da caridade infundidas no Batismo. Como disse, criei vossa alma por amor e sem amor não podeis viver. Vosso alimento é o amor.
Onde vossa alma se acende? Na chama da minha caridade: amando-me, temendo-me, trilhando a mensagem do Meu Filho. Como disse, vossa alma ficará acesa com maior ou menor intensidade, de acordo com as disposições com que se apresentar. De um modo geral, todos vós tendes uma disposição igual, porque todos fostes criados à minha imagem e semelhança, e recebestes o dom da fé no Santo Batismo. Mas cada um pode crescer no amor e na virtude, conforme minhas disposições e os próprios esforços. Não se trata de passar de uma disposição a outra, diferente da primeira. Pela atividade livre, cresceis no amor; podeis fazer isso durante toda a vida, progredindo na caridade. Depois da morte, não. É com tal amor que deveis aproximar-vos do sol Eucarístico. Entreguei-o aos ministros, para que vo-lo distribuam como alimento; vosso proveito dependerá do desejo com que vos apresentais. Como no exemplo das pessoas que acendiam velas e saíam com chamas maiores ou menores, segundo o tamanho de suas velas, vós também recebereis o sol inteiro; mas supondo-se que não haja algum impedimento de vossa parte e da parte do ministro, participareis da luz e graça do sacramento na medida de vosso desejo santo. Quem se aproximasse em pecado mortal, nenhuma graça receberia, embora acolha em si o todo-Deus e todo-Homem.
Sabes a que se assemelha a pessoa que comunga indignamente? Se assemelha a uma vela molhada na água que apenas faz barulho ao ser encostada ao fogo; e, se por acaso acende, logo se apaga, fazendo fumaça. Sim, é isso que acontece com tal pessoa. No dia do Batismo, recebeis uma vela; se depois pecais, derramais "água" em vosso íntimo, umedecendo o "pavio" de vossa graça batismal; então, sem procurar "secá-lo" por meio da penitência, ides à mesa da comunhão receber a luz do sacramento eucarístico: recebê-Ia-eis materialmente, não segundo o espírito. Quando o homem não possui as devidas disposições, a luz nele não permanece. Ela se afasta e a pessoa confunde-se, apaga-se, cai na escuridão, em duplo pecado. Da comunhão conservará apenas o remorso. Não por culpa da luz, que em si mesma não padece imperfeição; é a "água" do pecado, presente no coração, que prejudicou o amor na recepção da luz. A luz sacramental, cheia de calor e claridade, nunca se empobrece; nem pela falta de amor do comungante, nem pelos seus pecados, nem pelos pecados do ministro. Como afirmei, a luz do sacramento assemelha-se ao sol, o qual ilumina objetos imundos e não se contamina, jamais perde seu fulgor, jamais se extingue. Mesmo que o mundo inteiro se alimente na luz e no calor deste sol. Ao ser distribuído pela hierarquia da Santa Igreja, Meu Filho não se afasta de Mim, Pai e sol eterno. Ele continua sempre o todo-Deus e o todo-Homem perfeito, à semelhança daquela labareda de que falei no exemplo. Mesmo que a humanidade inteira venha acender-se na sua luz, todos os homens receberão sua luz inteira, e ela intacta permanecerá.
Ó filha querida, fixa teu pensamento no abismo do meu amor. Todo homem deveria sentir o coração inflamado de caridade ao considerar, entre os outros favores meus, o benefício deste sacramento! Com que olhos, filha querida, tu e os demais deveríeis ver e tocar este mistério! Quero dizer: "ver" e "tocar" não apenas materialmente. Aqui, pouco valem os sentidos externos. O olho vê unicamente um pãozinho branco; a mão, ao tocar, nada percebe de mais profundo; o paladar sente só o gosto do pão. Enganam-se os pobres sentidos! Não se enganem, porém, os sentimentos do coração. Que o homem não queira enganar-se; que ele não recuse a luz da fé através do pecado da infidelidade. É pelo sentimento interior que o homem saboreia este sacramento; ele somente é visto pela inteligência iluminada com a fé. Somente esta enxerga na hóstia branca o todo-Deus e o todo-Homem, a natureza divina unida à humana, o corpo, alma, sangue de Cristo; sua alma unida ao corpo, o corpo e a alma unidos à divindade!
Filha querida, considera como é grande a pessoa que recebeu o pão da vida, o alimento dos anjos, com as devidas disposições. Ela permanece em mim e eu nela, como o peixe está no mar e o mar no peixe. Ao desaparecerem os acidentes do pão, deixo na alma a marca da minha graça, como acontece com o sinal do sinete na cera quente. Permanece no homem a virtude deste sacramento, ou seja, o poder da minha caridade, a clemência do Espírito Santo e a sabedoria do Meu Filho. Ao participar do Meu poder, a alma se fortalece contra as tendências da sensibilidade, contra os demônios e contra o mundo. Sim, retirado o sinete, fica gravado o sinal. Por outras palavras: uma vez consumidos os acidentes do pão, aquele verdadeiro sol retoma à sua esfera da qual, aliás, nem se tinha separado porque constitui uma só coisa comigo. Foi com amor abissal que minha providência vos deu Meu Filho como alimento, no intuito de vos salvar e alimentar durante esta vida de peregrinos e viandantes, de saciar a vossa sede e recordar-vos sempre o benefício da paixão. Considera, pois, quão grande é a vossa obrigação de Me amar. Sou a verdade eterna, imensamente digna de ser amada e vos amo tanto!
Virtudes Sacerdotais
Filha querida, disse tais coisas para que melhor compreendas a dignidade dos meus ministros e chores com mais amargor os seus pecados. Se os ministros meditassem sobre a própria dignidade, não viveriam em pecado mortal, não manchariam sua alma. Se eles não me ofendessem, se não pecassem contra a própria dignidade, se entregassem até o corpo para ser queimado, mesmo assim não me agradeceriam suficientemente pelo dom que receberam. Neste mundo é impossível uma dignidade maior. São ungidos meus, meus cristos, (Salmo 105,15) postos por Mim na função de ministros, flores perfumadas na hierarquia da Santa Igreja. Nem os anjos possuem dignidade igual a esta concedida aos homens, na pessoa dos sacerdotes. Coloquei-os como anjos na terra, e como tais devem viver. De todos os homens exijo pureza e amor; todos devem amar-me e amar o próximo; todos devem socorrer o irmão naquilo que lhes for possível com orações e obras de caridade, assim como já disse em outro lugar, ao tratar desse assunto. Mas dos meus ministros peço pureza maior, maior amor por mim e pelos homens. Que distribuam o corpo e o sangue do Meu Filho com grande desejo da salvação da humanidade, para glória do Meu nome. Da mesma forma como eles querem limpo o cálice usado no sacrifício eucarístico, também eu quero que sejam puros os seus corações, suas almas, seus pensamentos. Igualmente seus corpos - instrumentos da alma - hão de ser possúídos em perfeita pureza. Não quero que se envolvam na lama da luxúria, nem que se mostrem inflados de orgulho na procura de cargos prelatícios ou cheios de rancor por si mesmos e pelos outros. A insatisfação pessoal costuma manifestar-se sobre os outros; quando impacientes, os ministros terminarão dando maus exemplos, não se preocuparão em livrar os homens das mãos do demônio, não se dedicarão com esforço ao ministério do corpo e sangue do meu Filho, não distribuirão a luz da eucaristia na forma explicada .
Desejo que os ministros sejam generosos, sem ganância. Não quero que vendam a graça do Espírito Santo por amor ao dinheiro. Gratuitamente e com liberalidade receberam de Mim; por Meu amor e para a salvação dos homens devem distribuir, com atitude semelhante, a todo aquele que na humildade os procurar. Nada podem vender, porque nada compraram. Receberam grátis para repartir. Como retribuição apenas podem e devem aceitar ofertas; compete ao súdito fazer os donativos de acordo com suas posses. Nas suas necessidades temporais, os ministros serão sustentados por vós, da mesma forma como sois alimentados por eles com a graça e os dons do Espírito, que deixei na Santa Igreja a fim de que fossem distribuídos para vossa salvação. Lembro-vos, são os ministros que dão incomparavelmente mais; impossível comparar os bens finitos e materiais, mediante os quais vós os sustentais, com o Deus infinito que eles, por providência minha e divino amor, vos oferecem. Não somente quanto ao mistério eucarístico, mas em qualquer outro valor espiritual, a comparação inexiste. Vossos donativos materiais não superam, nem mesmo podem equiparar-se ao que recebeis espiritualmente através das graças, orações e qualquer outro ato desse gênero. Quanto aos bens materiais recebidos de vós, os ministros estão obrigados a usá-los para três finalidades, dividindo-os em três partes; uma, para sustentar-se; outra, para os pobres, e a terceira, para a Igreja naquilo que for necessário. Outros gastos não poderão fazer, sem pecar. Foi assim que agiram os gloriosos ministros do passado, tão cheios de dignidade, e que denominei de "Meus cristos". Eles viveram sua grande dignidade, iluminados interiormente por aquele sol que lhes dera para ministrar. Considera Gregório, Silvestre, seus antecessores e sucessores que vieram depois de Pedro, o primeiro Papa, a quem meu Filho entregou as chaves do reino dos céus, dizendo: "Pedro, eu te dou as chaves do reino dos céus; o que desligares na terra será desligado no céu; o que ligares na terra será ligado no céu" (Mt 16,19).
O Respeito devido aos Sacerdotes
Filha querida, ao manifestar-te a grande virtude daqueles pastores, quero colocar em evidência a dignidade dos Meus ministros. Pelo pecado de Adão, as portas da eternidade fecharam-se, mas o Meu Filho abriu-as com a chave do seu sangue. Ao sofrer a paixão e morte, Ele destruiu vossa morte e vos lavou no sangue. Sim, foram Seu sangue e Sua morte que, em virtude da união da natureza divina com a humana, deram acesso ao céu. E a quem deixou Cristo tal chave? Ao apóstolo Pedro e a seus sucessores, os que vieram e que virão depois dele até o dia do juízo final. Todos possuem a mesma autoridade de Pedro; nenhum pecado a diminui, do mesmo modo que não destrói a santidade do sangue de Cristo e dos sacramentos. Já disse que o sol eucarístico não tem manchas e que o mal cometido por quem o administra ou recebe não apaga sua luz. Não, o pecado não danifica os sacramentos da Santa Igreja, não lhes diminui a força; prejudica a graça e aumenta a culpa somente em quem os ministra ou recebe indignamente.
Visão sobre o Papa
Na terra, quem possui a chave do sangue é o Cristo-na-terra. Certa vez Eu te manifestei essa verdade numa visão, para indicar o grande respeito que os leigos devem ter pelos ministros, bons ou maus que eles sejam, e quanto me desagrada que alguém os ofenda. Pus diante de ti a hierarquia da Igreja sob a figura de uma despensa contendo o sangue de Meu Filho. No sangue estava a virtude de todos os sacramentos e a vida dos fiéis. À porta daquela despensa, vias o Cristo-na-terra, encarregado de distribuir o sangue e fazer-se ajudar por outros no serviço de toda a Santa Igreja. Quem ele escolhia e ungia, logo se tornava ministro. Dele procedia toda a ordem clerical; ele dava a cada um sua função no Ministério do glorioso sangue. E como dispunha dos seus auxiliares, possuía a força de corrigi-los nos seus defeitos. De fato, é assim que Eu quero que aconteça. Pela dignidade e autoridade confiada a meus ministros, retirei-os de qualquer sujeição aos poderes civis. A lei civil não tem poder legal para puni-los; somente o possui aquele que foi posto como senhor e ministro da lei divina.
Não Perseguir os Sacerdotes
Os ministros são ungidos meus. A respeito deles diz a Escritura: "Não toqueis nos meus cristos" (SI 105,15). Quem os punir cairá na maior infelicidade. Se me perguntares por que a culpa dos perseguidores da santa Igreja é a maior de todas e, ainda, por que não se deve ter menor respeito pelos Meus ministros por causa de seus defeitos, respondo-te: porque, em virtude do sangue por eles ministrado, toda reverência feita a eles, na realidade não atinge a eles, mas a Mim. Não fosse assim, poderíeis ter para com eles o mesmo comportamento de praxe para com os demais homens. Quem vos obriga a respeitá-los é o ministério do sangue. Quando desejais receber os sacramentos, procurais meus ministros; não por eles mesmos, mas pelo poder que lhes dei. Se recusais fazê-lo, em caso de possibilidade, estais em perigo de condenação. A reverência é dada a Mim e a Meu Filho Encarnado, que somos uma só coisa pela união da natureza divina com a humana. Mas também o desrespeito. Afirmo-te que devem ser respeitados pela autoridade que lhes dei, e por isso mesmo não podem ser ofendidos. Quem os ofende; a Mim ofende. Disto a proibição: "Não quero que mãos humanas toquem nos meus cristos"! Nem poderá alguém rescusar-se, dizendo: "Eu não ofendo a santa Igreja, nem me revolto contra ela; apenas sou contra os defeitos dos maus pastores"! Tal pessoa mente sobre a própria cabeça. O egoísmo a cegou e não vê. Aliás, vê; mas finge não enxergar, para abafar a voz da consciência. Ela compreende muito bem que está perseguindo o sangue do Meu Filho e não os pastores. Nestas coisas, injúria ou ato de reverência dirigem-se a Mim. Qualquer injúria: caçoadas, traições, afrontas. Já disse e repito: não quero que meus cristos sejam ofendidos. Somente eu devo puni-los, não outros. No entanto, homens ímpios continuam a irreverência que tem pelo sangue de Cristo, o pouco apreço que possuem pelo amado tesouro que deixei para a vida e santificação de suas almas. Não poderíeis ter recebido maior presente que o todo- Deus e todo-Homem como alimento. Cada vez que o conceito relativo aos meus ministros; a grandeza da Eucaristia não é diminuída por causa dos pecados. A veneração pelos sacerdotes não pode cessar; se tal coisa acontecer, Sinto-me ofendido.
O Grande Pecado dos Perseguidores
São muitas as razões que fazem desta ofensa a mais grave. Vou lembrar apenas três. A primeira, é porque os perseguidores agem contra Mim em tudo o que fazem em oposição aos Meus ministros. A segunda, é porque desobedecem àquela ordem pela qual proibi que meus sacerdotes fossem tocados. Ao persegui-los, os homens desprezam a riqueza do sangue de Cristo recebida no batismo. Desrespeitando o sangue de Jesus e perseguindo os ministros, rebelam-se e tornam-se membros apodrecidos, separados da hierarquia eclesiástica. Caso venham a morrer obstinados em tal revolta e desrespeito, irão para a condenação eterna. Se reconhecerem a própria culpa na última hora, humilhando-se e desejando a reconciliação, mesmo que não o consigam fazer exteriormente, serão perdoados. Mas não devem esperar pelo momento da morte, pois será incerto o próprio arrependimento. A terceira razão, pelo qual este pecado é o mais grave, está no seguinte: é uma falta maldosa e deliberada. Os perseguidores têm consciência de que o não devem cometer, sabem que vão pecar; cometem um ato de orgulho, em que não entram atrações sensíveis, muito pelo contrário. Tais pecadores arriscam a alma e o corpo: a alma, privando-se da graça, muitas vezes em meio remorsos da consciência; o corpo, gastando seus bens a serviço do diabo e indo morrer como animais. Não, este pecado cometido contra Mim não possui características de satisfação ou prazer pessoais; acompanham-no apenas os desvarios e a maldade do orgulho! Um orgulho que nasce do egoísmo e daquele medo próprio de Pilatos, quando matou Meu Filho por temor de perder o cargo. É o que sempre fizeram e fazem os perseguidores. Os demais pecados procedem de uma certa simpIoriedade, de ignorância ou de satisfação pessoal desordenada, de certo prazer ou utilidade presentes no ato mau. Naqueles pecados, o homem prejudica a si mesmo, ofende a Mim e ao próximo. Ofende-me por não me glorificar; ao próximo, por não o amar. Na realidade, não se ergue frontalmente contra Mim; ergue-se contra si mesmo, e isso me desagrada. Já no pecado de perseguição contra a santa Igreja, sou ofendido diretamente. Os outros vícios possuem uma justificativa, uma razão intermediária. Já afirmei que todo pecado e virtude são feitos no próximo . O pecado é ausência de amor por Mim e pelos homens; a virtude é amor caritativo. Neste pecado, os maus perseguem o próprio sangue de Cristo ao se investirem contra Meus ministros, e privam-se de sua riqueza espiritual. Entre todos os homens, os sacerdotes são meus eleitos, meus consagrados, são os distribuidores do sangue do Meu Filho, em quem vossa natureza está unida à minha. Quando consagram a eucaristia, os ministros o fazem na pessoa de Jesus. Como vês, realmente este pecado é dirigido contra Meu Filho; por conseguinte, contra Mim, pois somos um. É uma falta gravíssima. Não se dirige aos ministros, dirige-se a Mim. Também o respeito demonstrado para com eles, considero-os como se fossem para Mim e Meu Filho. Por tal motivo te dizia que, se colocasses de um lado todos os demais pecados e este, sozinho, do outro, o último ser-me-ia mais ofensivo.
Falei de tudo isso para dar-te motivo de maior preocupação, seja por causa do pecado com que me ofendem, seja pela condenação eterna dos infelizes perseguidores. Assim, o teu sofrimento e o dos Meus servidores dissolverão a grande treva que desceu sobre estes membros apodrecidos, atualmente separados da hierarquia da santa Igreja. Infelizmente quase não acho pessoas que aceitem angustiar-se por causa das perseguições em curso contra o precioso sangue. Mais facilmente encontro quem atire continuamente flechas contra Mim; são pessoas cegas à procura de fama. Considerem honroso o que é infame, infame o que é honroso, recusam humilhar-se diante do próprio superior. Com tais defeitos, muitos ousam perseguir o sangue de Cristo, ferem-Me profundamente. Quando podem, tanto se esforçam por prejudicar-Me . Na realidade não Me danificam. Sou como a pedra que, ao ser batida, devolve o golpe a quem o deu. Mesmo os pecados mais vergonhosos não Me causam males; são flechas envenenadas que a eles retornam em forma de culpa. Durante esta vida, privam-se da graça, e no dia da morte, não havendo arrependimento, irão para a condenação. Vivem distantes de Mim, atrelados ao demônio com quem se coligaram. Quando o homem perde a graça, amarra-se ao pecado. É um laço feito de ódio pelo bem e de amor pelo mal; uma corrente com que expontaneamente a alma se entrega ao diabo, pois a isso ninguém o pode obrigar. Este mesmo laço une os perseguidores da Igreja entre si e com o maligno; de comum acordo, aqueles desempenham a função do demônio. Esforça-se este por perverter os homens, induzindo-os ao pecado mortal; deseja que as almas tenham em si a maldade em que ele vive. Pois bem, fazem a mesma coisa os inimigos da Igreja: quais membros do diabo, procuram levar os filhos da Igreja à revolta contra a hierarquia, afastam-nos da caridade, acorrentam-nos ao pecado, privam-nos dos benefícios da paixão. O vínculo que une tais persesuidores nasce do orgulho e da vanglória; com medo de perder os bens materiais, acabam perdendo a graça. De possuidores da dignidade de Cristo, decaem para a maior confusão interior possível. São pactos que trazem o selo das trevas. Desconhecendo os males e pecados em que vivem, neles fazem cair outros; inconscientes dos seus pecados, não se corrigem. Como cegos, caminham vangloriando-se para a destruição da própria alma e do próprio corpo.
Filha querida, chora profundamente diante dessa cegueira e miséria. São homens que, como tu, foram lavados no sangue; que se nutriram no sangue; que cresceram no seio da santa Igreja. Agora, revoltados, abandonaram-na sob pretexto de corrigir os defeitos dos meus ministros. Eu já proibira tal comportamento, dizendo: "Não quero que meus ministros sejam ofendidos". Autêntico terror deveria apossar-se de ti e dos demais servidores meus, quando ouvis falar de semelhantes alianças. Tua linguagem é insuficiente para referir quanto as abomino. O pior é que tais pessoas procuram encobrir seus defeitos sob o manto dos defeitos dos Meus ministros. Não se lembram de que não existe capa que os esconda diante de Mim. Na opinião pública, bem que passam despercebidos; não em Minha presença. Conheço os acontecimentos desta vida e muito mais. Pensei em todos vós e vos amei antes de vosso nascimento. Um dos motivos pelos quais esses infelizes não se corrigem é a falta de fé. Julgam que não os vejo. Se acreditassem realmente que sei dos seus defeitos, se acreditassem que todo pecado é punido e todo bem recompensado, como expliquei em outro lugar, haveriam de corrigir-se e pedir humildemente o perdão. Nesse caso, pelo sangue de Cristo eu os perdoaria. Mas vivem na obstinação, reprovados por tantos males. Arruinaram-se, vivem nas trevas, perseguindo cegamente a Cristo. Em suma, ninguém deveria perseguir meus sacerdotes por causa de defeitos seus!
Fonte: Catarina de Sena, Santa, 1347 -1380. O Diálogo – Tradução: Frei João Alves Basílio O.P. São Paulo: Paulus 1985. (Espiritualidade) pag. 229 - 243 "
Muito obrigado por tudo minha Irmã, interceda sempre pela minha conversão e santificação.